SECRETÁRIO DE CULTURA DE COCAL, JOÃO PASSOS, PRETENDE DESCARACTERIZAR O CONTEUDO PAISAGÍSTICO DA CAPELA DE FRECHEIRAS, LANÇANDO SOBRE O PÁTIO DA MESMA TONELADAS DE CIMENTO.




A DESCOBERTA DO DOCUMENTO DA CAPELA DE FRECHEIRAS


        Já há alguns meses, a equipe da TV Fiscal do Povo conseguiu, DE MANEIRA EXCLUSIVA, um DOCUMENTO MANUSCRITO do século XVIII (1781) que trata de um processo de autorização da construção de uma capela numa antiga fazenda chamada Nossa Senhora do Rosário do Pacuty, no então território de Parnaíba-PI. Essa fazenda pertencia ao Mestre de Campo Diogo Alvares Ferreira e à sua esposa Thomasia de Ferreira Veras.

        Tão logo tivemos acesso a esse preciosíssimo documento, iniciamos uma vasta e profunda pesquisa sobre todo o seu contexto. Desse estudo, decidimos produzir um documentário especial, que já está em fase de conclusão, após meses de trabalho. A previsão de lançamento seria a data do aniversário de Cocal. Contudo, decidimos antecipar para este mês, em razão de o referido documento ter ido aos bancos virtuais de arquivos públicos e levado às redes sociais por outro dedicado pesquisador, que mora em Tianguá-CE, o qual tem também muito apreço pela capela de Frecheiras e pela história. E antes que fantasias e incompreensões se lancem dentro de Cocal sobre tal fato, decidimos antecipar para este mês todo o resultado das nossas descobertas, para a confirmação se esse documento é ou não é referente mesmo às terras hoje chamadas de Frecheiras.

        Dentre outras coisas, iremos abordar sobre a validade do documento, ante à polêmica na existência de outro documento, tornado público pelo historiador Vicente Miranda, de Viçosa do Ceará. Nesse outro documento, Diogo Álvares Ferreira aparece como “DEFUNTO” já em 1775. Visto que esse novo documento, que trata da suposta construção da Capela de Frecheiras, é de 1781, os dois documentos aparentemente se contradizem. Mas a solução desse e de demais dilemas, como se a Fazenda Nossa Senhora do Rosário do Pacuty é ou não é de fato a atual Frecheiras, nós já temos e será apresentada a quem desejar assistir em breve ao nosso documentário.

A seguir, um trecho transcrito do documento que guardávamos a sete chaves e que é valiosíssimo para a história de Cocal e do Piauí:

Trecho do processo eclesiástico de autorização da construção da Capela de Frecheiras, Cocal-PI. 
TRANSCRIÇÃO ABAIXO:


"Autuamento

Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e um, aos dez dias do mês de outubro do dito ano na fazenda de Nossa Senhora do Rosário do Pacuti me foi entregue pelo reverendo vigário da vara João Raymundo Moraes Rego um mandado de comissão do Reverendíssimo senhor governador do bispado João Duarte da Costa para (efeito) de se faze vistoria no lugar da capela que pretende erigir o Mestre de Campo Diogo Alvares Ferreira na sobre dita sua fazenda, o qual mandado eu aceitei, (autuei), e preparei na forma do estilo, e é o que adiante se segue, do que para constar fiz este Autuamento, eu Manoel Pires Ferreira escrivão por comissão, que o escrevi."

    
        A Secretaria de Cultura, cujo secretário é João Passos, segundo consta, tem como projeto a alteração do conjunto paisagístico da Capela de Nossa Senhora do Rosário. Em vez de fazerem o tombamento do patrimônio histórico, irão despejar toneladas de cimento sobre o pátio da igreja, o que será um ato de descaracterização do ambiente, isto é, um ataque àquele valioso patrimônio.

    Faz mais de décadas que o atual secretário, que já participou de todos os governos municipais passados desde a época do ex-prefeito Chico Antônio, tem divulgado uma hipótese sem base na realidade, segundo a qual a capela teria sido construída por jesuítas no ano de 1616. Pelos quatro cantos do mundo, espalhou-se essa especulação vazia e isso de difundiu, levando a capela a ser conhecida por essa suposta data de construção, quando isso afronta claramente toda a historiografia já consagrada sobre a colonização do Piauí, tendo esta se dado do sul para o norte e não em sentido oposto, do norte para o sul.

À esquerda, o ex-prefeito Fernandinho; à direita, João Passos, seu Secretário de Cultura da época, na gestão de 2009 a 2012.

        Agora, todos os que foram levados a crer nessa hipótese, com base em mero propagandismo desligado da realidade (o que visa quase sempre servir a palanque político e promoções biográficas), estão com a verdade reestabelecida: que é a verdade trazida pelo próprio testemunho oral que os moradores do lugar tanto afirmam, desde muito antigamente. Uma verdade que tanto foi desprestigiada pelo atual secretário de cultura do município de Cocal-PI, mesmo ele já sabendo, há mais de 10 anos, da grande possibilidade de essa igreja jamais ter sido construção de jesuítas.

        O TOMBAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

    Desde 2010, há uma lei municipal que garante o processo de tombamento da igreja de Frecheiras. O secretário sabe disso, mas nunca convenceu seus patrões para que isso se realizasse. (Ele foi aliado de todos os prefeitos desde a década de 1990 até hoje) E agora, em vez de lutar pelo tombamento e pela proteção da capela, ele está prestes a despejar toneladas de cimento em seu pátio. Se isso ocorrer de fato, será a alteração trágica e irreparável daquilo que sempre cativou as pessoas pelas características originais que carrega, e que fazem da capela um testemunho íntegro de como ela era no passado do lugar.

fiscal do povo de cocal

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